Situação Dos Biocombustíveis Em Portugal

16 05 2009

A utilização de combustíveis de origem natural em larga escala no sector dos transportes, teve origem em variados factores, os quais se destacam a excessiva dependência e os custos energéticos face as importações petrolíferas, pressupostos de natureza ambiental e, a possibilidade de efectuar culturas com fins não alimentares nas terras retiradas da produção por via dos condicionalismos impostos pela Política Agrícola Comum.

Fábricas em Portugal

Fábricas em Portugal

Como reflexo da maior mobilidade de pessoas e de bens, o peso do sector dos transportes tem sofrido um aumento acentuado, representando em 1999, aproximadamente 25% do consumo final de energia, a nível mundial.

Em Portugal, a dependência energética do sector transportador relativamente ao petróleo é acentuada, sendo responsável por 42% do consumo da totalidade do petróleo importado.

A comunidade europeia tem procurado a concretização de um conjunto de acções destinadas a promover a diversidade de utilização dos combustíveis obtidos a partir de energias renováveis.

Dos combustíveis de origem renovável que se encontram actualmente disponíveis, destacam-se pela sua importância, os álcoois (etanol e metanol) ou os seus derivados (ETBE e MTBE) e os esteres metílicos de óleos vegetais sendo os primeiros utilizados essencialmente em motores Otto de combustão e os segundos em motores Diesel.

Problemas recentes associados a contaminação de lençóis freáticos e aquíferos nos EUA pelo metanol e MTBE, colocam seriamente em causa a sua utilização. Nesses termos, apenas o etanol e seus derivados, bem como os ésteres metílicos de óleos vegetais constituem alternativas aliciantes aos combustíveis tradicionais.

O Biodiesel é largamente utilizado em diversos países europeus. Em Portugal as condições de produção e utilização destes combustíveis encontram-se fortemente cerceadas por um conjunto de barreiras de cariz não tecnológico.

Campo de girassóis

Campo de girassóis

Diversos constrangimentos foram identificados quanto a introdução de uma fileira de biocombustíveis em Portugal sendo alguns de mais fácil resolução do que outros:

* Escassez de terra disponível: a substituição de 5% do gasóleo consumido em Portugal, com a actual produtividade da cultura do girassol, requereria a plantação de cerca de 500000 ha. A adição À gasolina de 5% de etanol produzido a partir de cereais necessitaria, pelo menos, de 500000 ha, consoante o tipo de cereal considerado;

* Baixa produtividade agrícola, essencialmente por questões inerentes aos processos de cultivo e ao tipo de solos: Em Portugal, as produtividades médias do girassol foram inferiores a 0.7 ton/ha (1,3 ton/ha em Espanha, valores superiores a 2 ton/ha em França);

* Custo elevado da matéria-prima e do processamento industrial: as baixas produções não permitem o aproveitamento de economias de escala associadas a construção de grandes unidades de processamento e conduzem a obtenção de um custo de óleo que só dificilmente é compatível com o preço do gasóleo junto do consumidor final;

* Custo elevado na recolha e transporte da matéria-prima, no que se refere à produção de etanol a partir de resíduos florestais;

* Falta de disponibilidade de matéria-prima;

* Instabilidade dos preços de matéria-prima nos mercados internacionais;

* Falta de projectos de demonstração, em Portugal, que ilustrem junto dos diversos actores da fileira os problemas e as soluções associados à produção e uso dos biocombustíveis;

* Acordos internacionais de comércio que limitam a utilização dos produtos da cadeia de produção de biocombustíveis;

* Custo elevado do biocombustível, decorrente basicamente da baixa produtividade agrícola, face aos actuais preços dos combustíveis convencionais;

* Falta de desarmamento fiscal ao contrário do que se sucede noutros países europeus com o biodiesel e nos EUA com o bioetanol.

Os principais mecanismos de apoio ao desenvolvimento e integração de uma fileira de biocombustíveis sintetizam-se nos seguintes pontos:

* Promoção de incentivos fiscais a longo prazo: isenção total do ISP nos biocombustíveis produzidos em unidades de demonstração nos primeiros 5 anos;

* Definição de uma norma Europeia para os biocombustíveis que não imponha constrangimentos de natureza técnica a utilização dos recursos endógenos de uma dada região;

* Definição de um quadro regulamentar de utilização de biocombustíveis coerente e estável;

* Assegurar progressivamente um preço igual, tanto para fins alimentares como para fins energéticos, para as sementes de oleaginosas e para os cereais, evitando a dependência da sua produção em áreas de pousio;

* Promoção da recolha selectiva de óleos alimentares usados, permitindo obter matéria-prima de baixo custo para a produção de biodiesel e eliminando uma fonte poluente;

* Incentivar a utilização do etanol como componente das gasolinas (taxa de incorporação que poderá ir até 5%) ou indirectamente por adição de ETBE;

* Utilização de legislação ambiental, com base no CO2 não emitido por via da utilização de biocombustíveis;

* Definir quadros contratuais simplificados que regulamentem as relações entre produtores, transformadores e distribuidores de biocombustíveis;

* Promoção da colaboração entre as autoridades centrais e regionais com vista ao desenvolvido de fileiras de biocombustíveis;

* Incentivar a utilização para fins energéticos das terras colocadas em pousio;

* Promoção da plantação específica de culturas de rápido crescimento e com poucas exigências culturais para produção de bioetanol;

* Quantificação e divulgação dos benefícios sociais, económicos e ambientais associados à criação de uma fileira de produção de biocombustíveis;

* Identificação da existência de nichos de mercado onde a utilização de biocombustíveis se revista de vantagens face aos combustíveis tradicionais.

O biodiesel e o bioetanol podem constituir, curto prazo, uma alternativa aos combustíveis convencionais. Não só as práticas de produção da matéria-prima se encontram bem disseminadas, como também as tecnologias de produção de biodiesel e de bioetanol se encontram já disponíveis em unidades industriais. Se a maioria das medidas propostas forem implementadas, a produção de biocombustíveis será uma realidade, mesmo que, pelas razoes apontadas, o biocombustível apenas possa ser utilizado em alguns sectores do mercado.

Montagem





Biocombustíveis: Serão Seguros?

3 05 2009

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A Crise de Alimentos

Nos dias de hoje, não há dia em que não se fale da crise: “Fábrica têxtil no Norte do país despede 400 empregados”ou “Bolsa de Nova Iorque cai e atinge valores mais baixos da última década” são exemplos das frases mais utilizadas pelos media. Sem dúvida alguma que atravessamos uma profunda crise económica mundial. Mas será esse o único perigo? Não deveríamos estar preocupados com as consequências que, provavelmente, algumas soluções para os problemas actuais poderão provocar?

As reservas de petróleo estão no fim, prestes a ficarem “secas”. Desfecho para este drama? Ou recuamos centenas de anos no avanço tecnológico ou optamos por outras fontes energéticas. É óbvio que, o ganancioso ser humano na sua forma mais pura, não irá prescindir do seu conforto nunca! Voltados então para as diversas fontes energéticas que possuímos, verificamos a existência de uma alternativa que nos seduz por todos os benefícios ambientais e potencial rendimento energético: os biocombustíveis.

Começando a utilizá-los em grande escala, podemos estar perante uma tragédia com resolução impossível: uma crise de alimentos. É esta a provável crise que enfrentaremos depois do petróleo e da crise financeira acabarem. Aliás, a produção de biocombustíveis começa já a fazer-se sentir, prejudicando diversas sociedades, actualmente.

Nos últimos anos, os preços do trigo, milho, arroz e outros alimentos fundamentais para a nossa alimentação diária aumentaram para o dobro ou até mesmo o triplo. É de salientar que grande parte desse aumento ocorreu nestes últimos meses. À escala mundial, deparamo-nos com motins e problemas sociais e políticos devido aos alimentos. Como foi isto tão repentino? Por vezes, parece obra do destino, um destino cruel. Combinando certas tendências morosas e graduais, a política e a tecnologia, assistimos a algo que parece vindo de um pesadelo. Observando as nossas acções, concluímos que não temos feito o que havíamos prometido: diminuição mundial do lançamento de gases do efeito de estufa. Assim, a temperatura continua a aumentar, em média, provocando secas em locais problemáticos. Como tal, os políticos e governos que não cumpriram a sua parte do acordo, têm uma certa responsabilidade pela escassez de alimentos.

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No entanto, uma política ineficaz provoca mais estragos na permissão da ascensão do bioetanol, biodiesel e outros biocombustíveis. A conversão subsidiada de produtos agrícolas em combustível deveria, teoricamente, promover a independência energética e ajudar a limitar o aquecimento global. Mas tal não se verifica. Se os biocombustíveis fomentam e aceleram a desflorestação, então a concentração de dióxido de carbono continuará a aumentar. Todavia, os próprios biocombustíveis consomem CO2 da atmosfera, o que atenua bastante este efeito.

Considerando outro aspecto, o terreno agrícola utilizado para, por exemplo, cereais para biocombustíveis consiste em terreno não disponível para o cultivo de alimentos. Desta forma, os subsídios às fontes energéticas supracitadas são um grande factor na crise de alimentos. Podemos realmente resumir as acções globais desta forma: as pessoas morrem à fome em África para que políticos americanos possam lisonjear eleitores nos diversos estados americanos rurais. É o tal reverso da moeda que tudo na vida tem…

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Infelizmente, não possuímos conhecimentos nem formação pessoal suficientes para sabermos o é fundamental e imprescindível ser executado. No entanto, alimentos baratos, tal como gasolina barata, parecem luxos do passado….





BioTransition Na UM

30 04 2009

Numa tentativa de enriquecer o nosso projecto, no passado dia 4 de Abril o grupo deslocou-se à Universidade do Minho, pelo convite do Professor António Vicente. Aqui tivemos oportunidade de conectar de uma forma mais próxima com algumas experiências protagonizadas pelos seus mais diversos colaboradores.

Actualmente, o grupo de investigação do Professor Vicente estuda as potencialidades das algas na síntese de biocombustíveis, mais concretamente do biodiesel e do bioetanol.

No nosso encontro com o Doutor António Vicente, ele começou por nos mostrar o laboratório onde trabalha assim como o meio de cultura das algas que é utilizado. Em primeiro lugar, explicou-nos quais as variáveis fundamentais que influenciam o crescimento das algas, sendo elas: a quantidade e a concentração de CO2 no meio, o arejamento do meio, a luz a que as algas estão expostas e os nutrientes que se encontram no meio de cultura. Actualmente, todos esses parâmetros já estão controlados e os investigadores já conhecem as quantidades ideias para que o crescimento das algas seja o mais eficiente possível.

Culturas de Algas

Culturas de Algas

Seguidamente, o Doutor Vicente, referiu e explicou cada uma das fases essenciais para a produção dos biocombustíveis a partir destes microrganismos. Todo este processo se inicia com a preparação e monitorização do meio de cultura de acordo com os factores que referi anteriormente. Posteriormente, há a necessidade de estudar a forma do reactor tendo em conta a luz que as algas do centro do recipiente irão receber. Nesta fase, existem duas opções primordiais, podendo a escolha ser: um reactor de secção quadrada ou de secção circular.

Após o crescimento das algas há a necessidade de as quantificar, processo que pode ser feito pela contagem no microscópio (sendo este o método mais eficaz visto que apenas há a contagem de células vivas), por peso seco e por espectofotometria, cujos métodos acabam por se tornar não tão eficazes, visto que cada célula apenas desvia um só feixe de luz e as mais interiores acabam por não ser quantificadas.

Depois desta fase, testa-se a qualidade dos óleos/amidos presentes nas algas. No laboratório onde o Doutor Vicente investiga utilizam a alga Chlorella vulgaris. Este microrganismo, consoante o seu meio de cultura, tem a capacidade de produzir óleos ou amidos o que se transformarão na síntese de biodiesel/bioetanol. Por fim, para a síntese de biocombustível utilizam-se os mesmos procedimentos que utilizamos com o óleo vegetal ou com o amido de milho.

No decorrer da visita o Professor Vicente cedeu-nos um protocolo para que consigamos produzir bioetanol na escola, de uma forma acessível, tendo em conta as condições laboratoriais da mesma.

Depois de o grupo ter colocado algumas dúvidas sobre o processo de análise espectofotométrica do biodiesel, o Doutor Vicente cedeu-nos um protocolo que será bastante útil no decorrer do projecto.

Esta conversa foi bastante importante, visto que contactamos com outras formas de síntese de biocombustíveis, assim como com outras matérias-primas usadas para o mesmo fim e tivemos acesso a uma nova realidade laboratorial, pois conhecemos novos equipamentos e técnicas.





Biocombustíveis E A Sociedade Actual

9 03 2009

 

Desde sempre que os cientistas e os responsáveis pelas decisões mais determinantes das nações revelam uma enorme preocupação por manter o nível de vida agradável sem prejudicar em demasia o ambiente. Contudo, actualmente, a Humanidade enfrenta graves problemas devido a erros de gerações passadas, cometidos continuamente.

Face a esta crise ambiental, todos os esforços têm sido dirigidos no sentido de criar novas tecnologias que permitam manter o nível de vida alcançado pelos países industrializados, sem pôr em causa o desenvolvimento das gerações futuras. A este conceito dá-se o nome de desenvolvimento sustentado.

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Um dos principais obstáculos ao desenvolvimento sustentado é a excessiva actual dependência mundial dos combustíveis fósseis. Estes são utilizados em dois dos mais determinantes sectores da sociedade contemporânea: a electricidade e os transportes. Mas enquanto que no primeiro sector foram já encontradas alternativas rentáveis, como a energia eólica ou nuclear, o segundo ainda se encontra muito dependente dos combustíveis fósseis, principalmente do petróleo, sendo que as alternativas encontradas ainda não são totalmente viáveis. Contudo, algumas dessas opções começam a ganhar expressão; e uma delas são os biocombustíveis.

Os biocombustíveis são energias renováveis constituídos por várias opções: biodiesel, bioetanol, biomassa, etc. Estas fontes energéticas acarretam significativamente menos problemas ambientais do que os combustíveis fósseis e ainda é possível utilizar resíduos para a sua produção (reutilizar). Sendo assim, os biocombustíveis parecem uma alternativa viável às fontes actuais. No entanto, até ao momento presente, não possui o mesmo rendimento que o petróleo, por exemplo, enquanto combustível.

Apesar de alguns países já venderem oficialmente biodiesel enquanto combustível, como, por exemplo, o Brasil, ainda são necessárias políticas mundiais relativas a este assunto: isenção de impostos na Europa e EUA; incentivos da NASA e das Forças Armadas Americanas que consideram oficialmente o biodiesel um combustível de excelência para qualquer motor do ciclo diesel; e o entendimento da revolução no campo, na indústria, no ambiente, na formação de renda, no nível de emprego, na oferta de alimentos e outros derivados de oleaginosas após a extracção do óleo, no impacto no preço internacional, entre outros aspectos.

 

Analisando todas as situações referentes aos biocombustíveis, verifica-se que a nossa sociedade ainda não está totalmente preparada para começar a utilizar unicamente estas “bioenergias”, não abrindo mão dos influentes combustíveis fósseis.

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Biocombustíveis: Comparação Com Combustíveis Fósseis

9 03 2009

 

O biodiesel é um combustível muito vantajoso em relação a outros sobretudo pela sua aplicabilidade, pois, como já foi dito, pode ser implementado rapidamente sem necessidade de grandes actualizações tecnológicas no sector dos transportes. Assim, as vantagens do biodiesel, não se limitam ao foro ambiental.

Vantagens do Biodiesel:

      * É muito menos poluente que o gasóleo;

      * É uma energia renovável, que não contribuí para o aquecimento global;

      * Não emite para a atmosfera qualquer composto de enxofre;

      * Decompõe-se biologicamente com facilidade (não pondo em causa, em caso de acidente, o solo ou as águas subterrâneas);

      * A sua produção pode ser um incentivo para a agricultura, dando origem a novos postos de trabalho e conduzindo à diminuição do número de terras em pousio;

      * A sua produção origina produtos que podem ser aproveitados pela indústria e na agricultura.

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Legenda:

CO – Monóxido de Carbono

PM – Material particulado

NOx – óxidos de azoto

HC – hidrocarbonetos

 

Devemos ficar logo muito contentes quando sabemos que o biodiesel reduz os hidrocarbonetos e o material particulado. Por um lado, não ficamos expostos a alguns hidrocarbonetos que são cancerígenos, por outro, os nosso pulmões e garganta nunca mais sofrerão com as pequenas partículas que andam pelo ar. É certo que nós não as sentimos nem as vemos, mas a longo prazo, todos sofremos com elas, ainda que não tenhamos essa percepção.

Nada é só vantagens… O biodiesel, apesar de ser renovável, não se consegue, neste momento, produzir para satisfazer as necessidades globais. As áreas agrícolas, têm de ser cultivadas com vista em primeiro lugar à alimentação e só depois ao biodiesel. A consequência imediata das condições anteriores é que o biodiesel não poderá, na actualidade, substituir o gasóleo na sua totalidade. Tendo em conta a tecnologia usada nos motores actuais, o rendimento do biodiesel em relação ao gasóleo é ligeiramente inferior.

Não restam dúvidas que os biocombustíveis são a opção certa para o presente e para o futuro…





Os Biocombustíveis

8 03 2009

Define-se como biocombustível todo o combustível que é obtido a partir de matéria orgânica, quer de origem vegetal quer de origem animal, sendo as fontes mais utilizadas para a sua produção: o milho, o açúcar, a beterraba e o girassol. A partir destes é possível obter combustíveis como o biodiesel, o bioetanol ou o álcool anidro. Entre os biocombustíveis destacam-se o bioetanol e o biodiesel, uma vez que são os mais utilizados e conhecidos pela população em geral.

O biodiesel é um combustível que usa como matéria-prima óleos vegetais ou gorduras provenientes de animais. Actualmente a utilização do biodiesel a 100% (denominado de B100) ainda não é permitida e para a utilização deste biocombustível é necessário que o utilizador possua um automóvel movido a um motor diesel. A quantidade de biodiesel produzido comparativamente à quantidade de combustíveis fósseis existente é muito pequena. Assim sendo, o preço deste (nos países onde é comercializado) é elevado. Segundo as projecções, no futuro, a produção de biodiesel aumentará de forma exponencial.

O bioetanol é produzido através da fermentação de açúcares por leveduras. Normalmente, na produção deste combustível é utilizada a cana-de-açúcar, contudo o milho e a beterraba podem também ser utilizados. Porém, antes de proceder à fermentação destes há a necessidade de transformar o amido presente nestes alimentos em frutose. O inconveniente relativo à produção do combustível através destes alimentos é a dispendiosa produção que exige e o seu rendimento, que é bastante menor, logo, na indústria, não constitui um processo mais viável.

Há quem considere os biocombustíveis grandes concorrentes dos combustíveis fósseis. No entanto, existe também quem defenda que estes apenas devem ser utilizados como complemento dos supracitados combustíveis fósseis. Quer sejam empregues como complemento quer como combustível, os biocombustíveis são considerados amigos do ambiente, já que contribuem para a redução do aquecimento global provocado pelo efeito de estufa: os gases gerados na sua combustão são absorvidos no crescimento da nova plantação de matéria-prima para a sua produção. O resultado de todo este processo torna mais equilibradas a absorção e a emissão dos gases referidos. Além disso, são os biocombustíveis quem possui oxigénio na sua composição, como o biodiesel e o bioetanol, pelo que são eles também quem ajuda a reduzir as emissões de CO.





A Problemática Dos Combustíveis Fósseis

20 02 2009

Combustíveis fósseis são definidos como todas as substâncias minerais compostas por hidrocarbonetos (carbono e hidrogénio) e, tal como o nome indica, usadas como combustíveis. A designação fóssil surge pelo tempo que demora a sua formação de vários milhões de anos, a partir da decomposição de matéria orgânica (plantas e animais). Por este motivo, são considerados energias não renováveis na escala de tempo humano, ainda que, ao longo da escala de tempo geológico estes combustíveis continuem a ser formados pela Natureza. Considerando que, uma vez queimados não é possível reutilizá-los, constata-se que um consumo excessivo, ao longo dos anos, como o que tem acontecido, irá provocar um veloz fim destes recursos.

Existem três grandes tipos de combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural. O que torna estes minerais fontes de energia é a sua combustão. Neste processo origina-se vapor de água e dióxido de carbono, sendo que o último tem um papel fundamental no clima da Terra.  

  

O Ciclo de Matéria E Energia

Sol

Para todos os seres terráqueos não restam quaisquer dúvidas que toda a energia que existe na Terra provém ou proveio do Sol. É desse enorme corpo celeste, de massa 333.400 maior que a da Terra, que a cada momento se dão reacções químicas que libertam, em todas as direcções, quantidades colossais de energia sob a forma de luz, calor e radiação… Parte dessa energia emanada pelo Sol chega à Terra…

 Terra

 A Terra estabelece trocas energéticas com o Universo; recebe, maioritariamente, a energia proveniente do Sol, usada em processos biológicos e geológicos e perde energia para o exterior sob a forma de calor.

É a energia irradiada pelo Sol que impulsiona os movimentos atmosféricos, proporciona o ciclo da água, mantém uma temperatura constante, capaz de permitir vida e reacções químicas importantes, é nomeadamente essa energia que é usada por os seres base das cadeias alimentares – seres fotossintéticos. Porém, a Terra também tem a sua própria energia (de origem interna). A desintegração de elementos radioactivos remanescentes desde a formação do Sistema Solar e, logicamente, da Terra liberta continuamente calor através da superfície da terrestre.

 

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 Petroleo

Quanto à origem do petróleo na Terra, ainda não está nada provado, mas crê-se que o mesmo resultou da transformação de organismos vegetais e animais (provavelmente do plâncton, abundante nas águas superficiais perto da costa), ao abrigo do ar e por acção de bactérias anaeróbias. No fundo, o Sol esteve também na origem do petróleo…

Como já foi referido, a Terra apenas troca energia com o exterior, ou seja, considera-se a Terra um sistema fechado, embora não o seja efectivamente. A Terra liberta matéria para o espaço (hidrogénio e hélio) e recebe matéria, de que são exemplo os meteoritos que esporadicamente caem sob a sua superfície; porém, a massa global do planeta mantém-se constante há muitos milhares de anos, sendo por isso considerado a Terra um sistema fechado.

O facto de a Terra ser um sistema fechado pode ter um significado negativo pois isso implica que os seres que a habitam tenham de conviver com os resíduos que “produzem”. Por outras palavras, toda a poluição, todas as substâncias que libertamos podem trazer-nos consequências nefastas, podendo mesmo por em causa a existência de vida neste planeta singular. 

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Actualmente o subsistema Atmosfera, tem sofrido alterações que provocam preocupação a todos. De certa forma, já todos nos apercebemos que o clima tem sido inconstante e diferente do esperado em muitas épocas do ano. Mais do que nunca, está na altura de procurar alternativas para resolver os problemas que o Homem criou.

 

A Combustão Dos Combustíveis Fósseis

C + O2 à CO2

O CO2 produzido nas combustões dos hidrocarbonetos arrasta outros compostos poluentes: CO (óxido de carbono), SO2 (dióxido de enxofre), SO3 (trióxido de enxofre), NO (óxido de azoto), NO2 (dióxido de azoto), NO2O3 (trióxido de diazoto), Pb (chumbo) e hidrocarbonetos. Além disso, o CO2 é também um gás de efeito de estufa, isto é, contribui para o aumento do efeito se estufa, quando em concentrações elevadas na atmosfera. Tem havido um aumento considerável de 25% de CO2 na atmosfera. Os níveis de CO2 variam consoante a estação, sendo esta variação mais pronunciada no hemisfério norte, visto que apresenta uma maior superfície terrestre do que no hemisfério sul. Este facto ocorre devido às interacções que ocorrem entre a vegetação e a atmosfera. Deste modo, o CO2 contribui para o aquecimento global, não permitindo a dissipação do calor absorvido pelos raios solares.

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Este aumento de temperatura, já sentido nos dias de hoje, provavelmente trará consequências de dimensões catastróficas se nada for feito em contrário. Uma profunda alteração do clima terá uma influência desastrosa nas sociedades afectando a produção agrícola e as reservas de água, dando origem a alterações económicas e sociais.

No fundo, depois de se verificar um aumento da temperatura, ainda que por muito pouco que seja, a nível global pode conduzir a grandes mudanças. Quando se pensa num aumento da temperatura média, tem de se ter em conta que em certas zonas a temperatura aumentou muito e noutras diminuiu, mas em média, a temperatura aumentou.

O aumento da temperatura vai conduzir ao degelo das zonas polares, bem como de outras zonas frias do planeta. Segundo os cientistas, o degelo trará consequências gravíssimas para os equilíbrios actualmente existentes. Por cada dia que passa, enormes quantidades de água doce são adicionadas ao oceano. Só para se ter noção, por dia, são adicionados tantos litros de água ao oceano quantos os necessários para abastecer a cidade de Londres durante meio ano. Agora imagine-se que isso está acontecer a cada dia que passa…

 Degelo

Pois como é óbvio, quando se produz uma alteração num sistema, ele reage e reorganiza-se no sentido do equilíbrio. Por outras palavras, as massas de água doce que estão a ser “adicionadas” aos oceanos vão constituir correntes gigantescas no fundo do mar, uma vez que a água doce é mais densa que a água salgada. Assim, a concentração do sal na água do mar está a diminuir a grande velocidade, o que obrigará a fauna marítima a adaptar-se ou levará à sua extinção. Os cientistas prevêem que nos próximos 50 anos os Invernos sejam muito mais rigorosos e o calor no Verão seja maior (em temperatura) e mais húmido. Eles ainda não querem acreditar na hipótese de as estações do ano desaparecerem… Estas são só algumas das catástrofes que se aproximam, fora as imprevisíveis…

Na sequência do raciocínio anterior, o volume do oceano vai aumentar, logo o nível médio da água do mar vai aumentar. Consequências?

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A diminuição das linhas costeiras, podendo mesmo destruir algumas das cidades que se encontram junto ao oceano. Por outro lado, o espaço habitável por o ser humano ou por animais vai ser muito menor, o que pode, em casos extremos, conduzir à extinção de certas espécies que requerem condições muito específicas e rígidas.

Também conduzirá à acentuação e aparecimento de desertos pois o aumento da temperatura provoca a morte a várias espécies animais e vegetais, desequilibrando os ecossistemas. Somando este facto, ao da contínua destruição de florestas como a da Amazónia, a tendência será para a formação e aumento de zonas desérticas.

O aumento dos ciclones e furacões, a diferença cada vez mais acentuada da temperatura das diferentes massas de ar na Terra assim como uma maior evaporação da água do mar vão potencializar este tipo de fenómenos climáticos.

As ondas de calor vão-se acentuar, nos últimos anos, a Europa tem sido afectada por este fenómeno chegando a provocar a morte de idosos e crianças.

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 A Combustão E As Chuvas Ácidas

A combustão dos combustíveis fósseis tem ainda outra agravante: as chuvas ácidas. Os poluentes ácidos são originados nestas reacções, sendo eles o CO2, o SO2, o SO3 e os NOx (óxidos de azoto). O que acontece é que estes gases se combinam com o hidrogénio da atmosfera sob a forma de vapor de água, originando as chuvas ácidas. Assim, a água da chuva fica repleta de ácido sulfúrico (H2SO4) ou ácido nítrico (HNO3).

 

Reacções Químicas da Chuva Ácida

Chuva naturalmente ácida:

CO2 (g) + H2O (l) à H2CO3 (aq)

 

Chuva ácida causada pela queima de combustíveis que contêm enxofre como impureza (gasolina e óleo diesel):

  

I – Queima do enxofre:

S (g) + O2 (g) à  SO2 (g)

 

II – Transformação do SO2 em SO3:

SO2 (g) + ½ O2 (g) à SO3 (g)

 

III – Reacções dos óxidos com água:

SO(g) + H2O (l) à H2SO(g)

SO3  (g) + H2O (l) à  H2SO4 (g)

 

Chuva ácida causada pelos óxidos de nitrogénio (NOx):

I – Reacção entre N2 e O2 nos motores dos automóveis (devido à temperatura elevada):

N2   (g) + 2O2   (g) à 2NO2   (g)

 

II – Reacção do óxido com água:

2NO2  (g) + H2O  (g) à HNO(g)  + HNO3    (g)

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            Ao atingirem a superfície terrestre, contaminam os solos e as águas, o que, consequentemente, provoca uma modificação na sua composição. Estas transformações afectam as cadeias alimentares, destroem florestas e corroem estruturas metálicas e edifícios. Com a modificação na composição dos solos, as plantas sofreriam alterações genéticas, o que levaria à necessidade de adaptação das mesmas ao meio ambiente, diminuindo a biodiversidade (selecção natural).

Todo este “ciclo” de consequências das chuvas ácidas aplica-se também ao aquecimento global, o que torna as previsões ainda mais negras…

  

Alterações Nas Camadas Sociais Humanas

            Provavelmente já todos paramos para pensar o porquê de tudo estar a acontecer… Acho que se formos honestos connosco, sabemos dar a resposta certa. O que está a acontecer é por culpa nossa e sem dúvida alguma é a consequência da nossa excelente qualidade de vida!

Não temos a temperatura certa na sala, liga-se o ar condicionado; a temperatura da casa de banho é baixa? Liga-se o aquecimento central… Vamos para a escola a pé? Não! O pai vai levar no carro, mesmo que a escola seja a 100 metros de casa. Transportes públicos? Não! Eu tenho carro! O cabelo alaga-se com o vento? Laca nele! … Tristes os tempos em que vivemos, já dizia o Einstein…

Obviamente que se queremos resolver este problema teremos de abdicar de parte da nossa qualidade de vida actual… Porém se tudo for feito correctamente e se estudos forem desenvolvidos, conseguiremos compensar e manter o nosso estilo de vida, basta que para isso arranjemos materiais equivalentes.

Se o petróleo tivesse quase a acabar ou acabasse hoje, o que acontecia?

Duas palavras: Guerra e crise mundial. Nos dependemos tanto do petróleo como do ar. O caos seria instalado em todas as cidades… Nós somos prisioneiros da nossa própria identidade, e isso quer com petróleo, quer sem petróleo, nunca mudaremos.

Sem petróleo a nossa qualidade de vida ia baixar muito… Por vezes passa ao lado das pessoas, mas elas nem sequer imaginam que o petróleo está por todo lado, desde estradas (carros e alcatrão), plásticos, isolantes, gás que se usa em casa, a tão famosa electricidade, … Assistiríamos a um aumento da pobreza pois o petróleo não move só os carros, move o mundo também… Se ainda existisse petróleo, os conflitos seriam enormes para decidir quem ia ficar com ele. Se isto algum dia acontecer e se até lá não se encontrem soluções que permitam a qualidade de vida actuais, a terceira guerra mundial vai acontecer e a espécie humana terá os seus dias contados.

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Relação Custo/Tempo Dos Combustíveis

Os recursos energéticos no nosso planeta, petróleo, gás natural e carvão, são limitados, e caso se mantiverem os consumos actuais, esgotar-se-ão a médio prazo.

Por outro lado, a sua utilização (como tem sido dito no blogue) tem consequências prejudiciais para o ambiente. Um dos maiores desafios da história da humanidade está a ser posto neste momento: Arranjar fontes de energia alternativas que não tragam consequências nocivas para o ambiente e consigam dar resposta às necessidades da humanidade actual.

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É praticamente incomparável o tempo que em laboratório demora a fazer-se biodiesel e os milhões de anos que o petróleo demora a formar-se… Portanto, neste capítulo todos estamos de acordo: biocombustíveis!

Preços? Falar de preços na actualidade não faz muito sentido, porque só podemos comparar algo que tenha semelhanças… Ambos são combustíveis, mas a produção de gasolina e gasóleo é muito maior do que a dos biocombustíveis… Pois muito bem! Não podendo comparar na actualidade, vamos passar para a hipótese. A estimativa do Presidente Executivo da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, para o preço do biodiesel puro produzido a partir de algas, será em média 20 a 30 cêntimos ao preço do gasóleo em vigor. Mas afinal biodiesel compensa ou não? A resposta é claro! A Galp está a produzir em pequenas quantidades, se mais empresas se dedicarem à produção a larga escala, com toda a certeza que o preço baixará em flecha… É uma regra de economia, quanto maior a oferta menor o preço. Queremos deixar bem claro, que quando o biodiesel for produzido em massa, o preço dele será muito menor do que o do gasóleo.

Devem-se estar a interrogar: se o biodiesel é assim tão bom, porque é que já não se usa agora? Simples, interesses governamentais e de grandes empresas… Não é preciso dizer mais nada… Além disso, a tecnologia actual existente nos carros também não permite que se use o biodiesel em estado puro, apenas misturado com o gasóleo.

Nós acreditamos que o biodiesel será a energia de transição para outra mais eficiente e menos poluente ainda… E como ganhamos tempo para essa pesquisa? Fácil, o biodiesel não pode ser usado no seu estado puro e o petróleo está a acabar… Imagine-se, temos 50 anos de gasóleo na Terra. Se usarmos uma mistura de biodiesel – gasóleo em igual quantidade, a idade do gasóleo na Terra aumentará para o dobro, ou seja, 100 anos. Ganharemos assim tempo para a pesquisa já para não falar que ao mesmo tempo estamos a resolver a questão do aquecimento global bem como a da crise energética.

 

 Não te esqueças:

“Uma grande caminhada começa sempre e apenas com um pequeno passo…”